Quando o sujeito se abaixou no salão e logo se levantou, todo sorrisos, com um pedaço de croissant na mão, honrado feito uma coroa, exclamando: “o que não mata, engorda!”... Ah, ninguém tinha como prever o óbvio: a bala acertaria em cheio seu ouvido e pararia no meio de sua cabeça, fazendo uma sujeira sem precedentes, a qual a pobre assalariada da faxineira preferirá morrer a limpar.
Observei tudo do ângulo superior a meu ombro esquerdo, enquanto fingia interesse na conversa de uma representante alemã que queria arranjar parceiros no exterior. E ela observou a cena de um ponto privilegiado, suficientemente privilegiado pra que se calasse e espalancasse os olhos azuis feito uma sardinha estragada. Eu fiquei mais ou menos entre a queda e a sardinha... E como é sempre necessário ressalvar a histeria coletiva: bem, teve correria, gritaria, velha que desmaia, velho que se apoia nos seguranças e sai escoltado pelas bengalas, uma curtição! Pois o que era antes um museu de gestos, tornou-se uma verdadeira festa. Tudo porque um sujeito resolveu usar um ditado popular pra justificar certa falta de refinamentos. Eu não o julgo por sua atitude, aliás, bastante consciente se imaginarmos que há tanta gente no mundo passando fome... Bom, em certo momento tive que ir pra casa. Bati um papinho com o tenente antes, aí peguei um cálice de champagne e fui dar meus cumprimentos ao anfitrião: Que festa! Que festa! Olha, nunca vi uma tão animada!!!
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