Andei lendo alguns jornais e tenho certeza que, como qualquer imbecil que sabe colocar uma vírgula no lugar certo, eu poderia tecer comentários interessantes – e esta é uma das palavras mais específicas em meu vocabulário - sobre como os fatos reportados são repetitivos. A natureza é cruel, desde sempre. O homem não faz parte da natureza, desde sempre. Se dois mais dois são quatro, e a inteligência do leitor se limitar e este tipo de lógica cartesiana, então esses pensamentos não fazem o menor sentido. Mas se o leitor resolver que, apesar de tudo, uma vírgula bem colocada pode valer cinco ou dez minutos de sua longa e tediosa vida, convido-o a um brinde: ao sadismo humano! A natureza, por sua vez, não é sádica, é apenas simples demais, e sua essência vibra numa frequência que nós, pobres seres inteligentes, não podemos captar.
Andei lendo os jornais e assistindo a alguns filmes do Tarantino. É impossível resistir à tentação de dizer que se trata da mesma coisa. E aqui se confirma a ciência. Infelizmente não é possível confirmar a contradição de outra maneira. Talvez uma curva no espaço-tempo, o fuso horário, as transformações climáticas, que só agora se tornam tão aparentes, talvez uma dança despropositada ao som de um bolero, ou um corte no polegar enquanto se preparam os tomates para o molho. Sim, talvez identificar um padrão nas fibras da madeira morta e polida no guarda-roupas seja mais confortável que uma cama quente, mas eu ainda prefiro acreditar no caos. Questão de fé. Não cabe numa primeira página, apesar de seu caráter regular e nada inovador.
Bom, já não sei bem escolher entre as opções do meu parco latim, e também não sei até onde vou. Sinto que, de qualquer maneira, essa coisa de inflar os pulmões quase me mata de saudades - o que sequer deveria ter sido mencionado, visto que o leitor não resistiu.
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