Arquivo pretensiosinho

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

À neve

não conheço a neve
que cai calada
nem a tempestade branca
que cega o próximo palmo

na minha terra
só há chuva e granizo

que escancaram
portas e janelas
afogam o telhado
tão logo amortece
o amargo e me abro
em sorrisos

(e pra quê chorar
se o sal de uma gota
não derrete neve crua?

e pra quê nadar
se o leito fervente
desemboca no meio da rua?)

as águas
aqui não congelam
nem com o sopro
tremulante desse olhar

é o efeito do trópico

porque água sólida
é só pedra que cai do céu
no capô do carro
no guarda-chuva quebrado
na testa desprotegida

que o peito tosse, tosse
e escarra
em melodramática
pneumonia

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