não conheço a neve
que cai calada
nem a tempestade branca
que cega o próximo palmo
na minha terra
só há chuva e granizo
que escancaram
portas e janelas
afogam o telhado
tão logo amortece
o amargo e me abro
em sorrisos
(e pra quê chorar
se o sal de uma gota
não derrete neve crua?
e pra quê nadar
se o leito fervente
desemboca no meio da rua?)
as águas
aqui não congelam
nem com o sopro
tremulante desse olhar
é o efeito do trópico
porque água sólida
é só pedra que cai do céu
no capô do carro
no guarda-chuva quebrado
na testa desprotegida
que o peito tosse, tosse
e escarra
em melodramática
pneumonia
Nenhum comentário:
Postar um comentário