Arquivo pretensiosinho

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Ferro-velho

emperro
engasgado

lata velha escangalhada
sem tração
nas duas patas
nem carteira renovada

maquinário atrofiado
no acento de trapos

conforme a alternância
dos pés esquecidos
e das sirenes em retardo
os trejeitos antiquados
à mão direita
passam marchas
copiosas no fracasso
e na vaia das buzinas

gira a chave
mas nada

outra vez e se afoga na marginal alagada

o triângulo de segurança
em nome do pai e do filho
pede ao santo piscalerta
um palavrão
que o perdoe
desta neblina de fumaça

e que faça esta merda
pegar no tranco
nem que seja guinchando
em uma corda amarrada ao cunhado taxista
que cobra a corrida
em bandeira um no seu dia de folga
por respeito aos parentes da família

ou empurrando
a cadeira de rodas
com balisas de frentista
até a curva cega
da ladeira que desaba
sobre o teto acamado
da casa de repouso
especializada em velhas brasílias

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