Eu, se fosse um deus, me saciaria
num sorver eterno à cisterna morena da solidão
Mas como fazê-lo nesta condição,
se cada chuva é um pranto abençoado,
e cada metáfora é mais pobre
que o furo remendado dentro das calças?
Neste mundo de eus,
se cada espinho cresce dentro da ferida de si mesmo,
e na caatinga de possibilidades adormece
um coágulo rústico de saudade?
Se eu fosse um deus perfeito, criaria um músculo estriado,
faria pulsar no peito, chamaria coração,
permitiria réplicas abstratas
e largaria às traças
- pra beber tudo depois de um gole
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