Arquivo pretensiosinho

domingo, 4 de julho de 2010

Parágrafo II

Nada do que eu faça aqui e agora me levará ao céu ou ao inferno. Dizem, inclusive, que não dá pra escrever coisa que preste se o dito escritor não sofrer de males extremos ou dessas severidades cotidianas. Não sei. Ou melhor, acredito em parte: entre o cume e o abismo o que há é ainda abismo, e a queda é mesmo do tamanho desmesurado da vida. Em sua lógica simplista você pode até torcer o nariz e me redargüir (já que não estou presente): - Resta, então, descobrir onde está o cume, nécio! Pois digo que se estiver escrito, está escrito e não cabe aos desamarrados bungjumpers julgar as medidas. Afinal, nosso vôo é nossa sentença, e a rapina é um impulso no mínimo moralmente impossível. Não ainda, meu caro. Que fique pra depois, quando - em um lapso infantil de esperança – os que nos seguem aprenderem a fazer um laço... Ou ainda, pra que haja um pouco de senso comum e você finalmente julgue que há neste aforismo algo a se levar em consideração: escritor bom é escritor morto! Ou seja - sem jamais duvidar de sua capacidade cognitiva – deixe pros paleontólogos do futuro, exumadores com certeza mais preparados para tal tarefa, que mergulhem neste poço de piche e classifiquem cientificamente meus calcanhares na Épica das espécies extintas.

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