sento
sobre a rocha
em movimento
treinado pela falta
de pretensão
sento como sento todo dia
numa rocha
entre as rochas
da baía
então entrego
os ouvidos ao chamado de Iemanjá
ao mar que rebenta
infiltra as conchas
diluído em muito mar
e os olhos são da ilha
que não tem por onde escapar
e detrás o Morro do Saco do Major
que aponta em península
para a linha perfeita que seguem olhos
pequenos que não reparam
na curva assustadoramente
tranqüila
a verdade
está cortada
na enorme
rocha
pela lâmina da espada
de algum titã caiçara
que por ali passava
quando soprava outro vento
em outros cabelos
e repousava
de repente quieta
a minúscula certeza
de sentir às costas
a aspereza acolhedora
das cicatrizes irrevogáveis
deito como deito em minha cama
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