Como pode a verdade
esconder-se nas costas
dos surdos pela vergonha
de estar certa?
Aquele que a escuta
jamais saberá.
Como pode o amor
verter-se nos rostos
dos mudos pela necessidade
de ser escutado?
Aquele que o invoca
jamais saberá.
Como pode a luz
insinuar-se nos sonhos
dos cegos pela incapacidade
de ser iluminada?
Aquele que a enxerga
jamais saberá.
Como pode o medo
encrustar-se nas goelas
dos açoitados pelo sabor
de ser venerado?
Aquele que o engole
jamais saberá.
Como pode a matéria
inchar-se nos corpos
dos mortos pela ironia
de ser novamente?
Aquele que a acaricia
jamais saberá.
Como pode o absurdo
contrair-se em epifânicos
segundos pela fortuna
de ser solitário?
Aquele que o pensa
jamais saberá.
Como pode a poesia
entrincheirar-se nos poemas
obscuros pela fragilidade
de ser tudo isso?
Aquele que a escreve
jamais saberá.
Adoro essa ténica de refrão e você a usou muito bem, nível Alberto Pidwell! A relação do paralelismo com as estrofes anteriores é direta, mas não cai no simples "o cego vê e o mudo fala". Vou ler mais vezes. até!
ResponderExcluirTomo isso como um elogio: Muito obrigado!!! A propósito, não li Cesare Pavese, deveria ter lido, mas não conheço nada... hehehehehe... abraço!!!
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