Arquivo pretensiosinho

quinta-feira, 12 de março de 2009

Presente

Eu ganhei um presente
jogado
no chão

Achei para mim
Recolhi
com o cuidado
de ambas
as mãos

(Comigo a chuva
não poderá afogá-lo
e as rajadas de areia
não irão enterrá-lo)

Os fatos
trouxeram
o pedaço
de memória
de histórias
de alguém

Guardei para mim
pensando em como
aproveitar o pouco
que sobrou

E quando houver sol
irei mostrá-lo por aí
sem dizer quem
achou nem esperar
que perguntem
para eu responder
que estava
ali e que tomei
do acaso
que fiz o todo
das tripas de um
pedaço
Sem julgar
ou sentir
compaixão

Sem culpa
sequer razão
para o resto de
céu
que achei deitado
como um anjo sujo
no chão

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