Arquivo pretensiosinho

quarta-feira, 13 de abril de 2011

A última peça

quero te despir até da sombra
arrancar a tinta e o concreto
da parede onde incide tua sombra
escavar os blocos e a atmosfera
do próximo cômodo
abrir as janelas como botões
retirar os colares dos salgueiros lá fora,
as pulseiras das propriedades,
os brincos das construções,
os broches coloridos de sentimentos obscuros,
as presilhas e as estrelas que o mundo acha de usar

quero-te nua até de amanhãs,
desses relógios de poucos segundos,
das vidas possíveis e do mais que é certeza,
quero te despir de tudo em volta

e quando faltar a última peça,
e pra que sejas completamente crua
vestirei-me de ti.

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